Nas tardes de fazenda há muito azul demais.
Eu saio às vezes, sigo pelo pasto, agora
Mastigando um capim, o peito nu de fora
No pijama irreal de três anos atrás.
Desço o rio no vau dos pequenos canais
Para ir beber na fonte a água fria e sonora
E se encontro no mato o rubro de uma amora
Vou cuspindo-lhe o sangue em tomo dos currais.
Fico ali respirando o cheiro bom do estrume
Entre as vacas e os bois que me olham sem ciúme
E quando por acaso uma mijada ferve
Seguida de um olhar não sem malícia e verve
Nós todos, animais, sem comoção nenhuma
Mijamos em comum numa festa de espuma.
1 | Mensagem à Poesia |
2 | A Porta |
3 | Soneto Do Amor Maior |
4 | Canto De Xangô |
5 | Soneto Da Fidelidade |
6 | Cotidiano Nº. 2 |
7 | Água de Beber |
8 | A Hora Íntima |
9 | Canto De Pedra Preta |
10 | Brigas Nunca Mais |